Diante desse cenário
atual, causado pela Covid-19, em que as relações sociais estão escassas,
compartilharemos breves percepções sobre algumas leituras que temos
realizado durante esse período, na esperança de estimular a curiosidade e
o prazer de ler.
A
dica de leitura de hoje é o livro, "Na Natureza Selvagem", do escritor,
jornalista e alpinista americano, Jon Krakauer, publicado em 1996. O
livro conta a história real de Christopher McCandless, que morreu 112
dias depois de entrar no mato do Alasca, dezenove dias antes que seis
alasquianos topassem com o ônibus abandonado e descobrissem seu corpo.
McCandless
era um rapaz de 22 anos, filho de uma família de classe média alta,
formado em direito, maduro, taciturno e muito inteligente. No verão de
1990, após concluir a Universidade Emory, resolveu abandonar tudo:
família, amigos, carro e pertences pessoais. Doou 24 mil dólares a uma
instituição de caridade, queimou todo dinheiro que tinha na carteira e
inventou uma nova vida! Cortou relações definitivamente com o seu
passado, mudou o nome e perambulou pela América do Norte em busca de
novas experiências transcendentes. Viveu totalmente à margem da
sociedade, fez novos amigos, deixou boas lembranças e gerou perplexidade
a muitas pessoas. Sua história de vida e morte afetou uma grande
quantidade de pessoas, causando manchetes sensacionalistas em muitos
jornais da época. Alguns o admiravam pela coragem e seus nobres ideais,
outros o fulminavam, chamando-o de idiota, louco, narcisista e
estúpido.
Em janeiro de
1993, Jon Krakauer, fascinado e sentindo vagas semelhanças entre
acontecimentos de sua vida e de McCandless, escreve um artigo na revista
Outside, contando as aventuras do rapaz. Sem conseguir se afastar dos
detalhes da morte de Chris (que morreu por inanição), resolve refazer a
trilha de sua peregrinação e tentar refletir sobre outros temas, tais
como: "a atração que as regiões selvagens exercem sobre a imaginação
americana, o fascínio que homens jovens com um certo tipo de mentalidade
sentem por atividades de alto risco, e os laços altamente tensos que
existem entre país e filhos".
Nas
palavras do autor, Chris McCandless era "um jovem veemente demais e
possuía traços de idealismo obstinado que não combinavam facilmente com a
existência moderna". Chris era um rapaz culto, admirador de grandes
heróis literários e que buscou viver na contramão do "sonho americano".
Bebia na fonte dos clássicos! Tinha admiração por
Tolstoi, como romancista e por ter abandonado sua vida de riqueza e
privilégios para vagar entre os miseráveis. "Na faculdade, Começou a
imitar o ascetismo e o
rigor de Tolstoi a tal ponto que primeiro espantou, depois alargou as
pessoas que lhe eram próximas. McCandless buscava exatamente, o
despojamento tolstoiano! E foi o que encontrou, em abundância."
O
livro é belíssimo, nos faz refletir sobre a vida, sobre nossos
propósitos, sobre as relações familiares, perdão, aceitação, enfim,
sobre a condição humana. O livro ainda traz algumas passagens e trechos
emocionantes de alguns livros lidos por Chris em sua jornada solitária,
durante sua aventura no Alasca.
Conheça os livros que influenciaram a breve odisséia de Christopher McCandless em direção a natureza selvagem:
"Walden, ou a vida na floresta", de Henry David Thoreau.
"A Desobediência Civil", de Henry David Thoreau.
"O Homem Terminal", de Michael Crichton.
"O Chamado Selvagem", de Jack London.
"Os Caninos Brancos", de Jack London.
"Guerra e Paz", de Liev Tolstói.
"A Sonata A Kreutzer", de Liev Tostói.
"A Felicidade Conjugal", de Liev Tolstói.
"A Morte De Ivan Ilitch", de Liev Tolstói.
"Doutor Jivago", de Boris Pasternak.
"As Aventuras de Huckleberry Finn", de Mark Twain.
E vocês, que livros estão lendo nessa quarentena?!